Era uma vez uma rapariga chamada Mayara, era uma menina sorridente e feliz com a vida.
Vinha passar o verão com os seus avós, que já à muito que não os via.
Tinha apenas 16 anos e no dia 16 de Agosto faria os seus 17 anos. Perto dos seus avós e longe da cidade, dos amigos e dos pais que tanto amava, sentia-se um pouco cautelosa, afinal, já lá não ia a algum tempo, tratava-se de uma grande quinta numa pequena aldeia. Da última vez que tinha lá ido, tinha apenas 10 anos, e tudo estava um pouco diferente, novas pessoas e um bocadinho de mais movimento. Apesar de gostar de movimentação Mayara tinha decidido ir passar o verão com os avós para pensar na vida, no presente e no futuro, então ocupou-se em encontrar um sitio silencioso e genuíno.
Passado três dias, já tinha encontrado esse sitio que tanto procurava desesperadamente.
Mayara podia não ter trazido várias coisas importantes, mas trouxe uma coisa essencial, a sua guitarra. A música seguia-lhe e percorria-lhe na alma, saía ao seu pai que antigamente era músico, desistindo pouco depois dessa carreira e investindo noutra que não lhe punha um sorriso na cara.
Mayara tinha jeito para tocar e cantar e no "sítio genuíno" que era assim que lhe chamava, cantava sem fim, como se o mundo acaba-se naquele preciso momento e ela tivesse de expressar todos os sentimentos que sentia na música.
Numa tarde, que parecia não acabar, sentiu num segundo um barulho esquisito que logo se apercebeu, levantou-se em sobressalto, para ver do que se tratava, mas sem sucesso.
Desconfiada e cautelosa, sentou-se novamente, mas desta vez em silêncio, de repente a pobre rapariga desfaz-se em lágrimas.
Sem ter ninguém para lhe aparar as lágrimas, Mayara desabafa com a Natureza, expressando tudo o que lhe ia na alma, naquele momento, seria um momento de paz e tranquilidade. Naquele verão a Natureza era a sua melhor amiga, Mayara desabafava todos os dias, querendo deixar a mágoa para trás.
Mais cinco dias passados, já se sentia mais a vontade com a aldeia e com o pouco povo que lá vivia, ajudava a avó na casa e o avô a tratar dos cavalos.
Sempre que podia ia ao "sítio genuíno", mas de repente ao deslocar-se para lá, reparou num vulto que a deixou muito curiosa, tentou perceber mais uma vez do que se tratava e desta vez teve sucesso. Era um rapaz de cabelo fino loiro, de olhos azuis, fazendo festas a um lindo cavalo de pele castanha. Ele reparou na linda jovem que o acompanhava naquela paz e harmonia que aquele sítio transmitia, o seu único gesto foi um sorriso, mas um sorriso que nunca tinha visto, tanta felicidade que transmitia, era com certeza o sorriso mais lindo que tinha visto. Mayara contribuiu também com um sorriso, de seguido o rapaz de nome incógnito monta no cavalo e desaparece.
Numa visão que nunca esquecerá, a rapariga gostaria de saber apenas o seu nome, ou o ver só mais uma vez. Contente com o que lhe tinha sucedido naquela tarde, com um sorriso de orelha a orelha, deitou-se pronta para sonhar com a maravilha que tinha encontrado.
De manhã acordou mal disposta e sem se conseguir levantar, estava preocupada, pois estava óptima no dia anterior. A sua avó estranhou a demora e quando a espreitava, Mayara encontrava-se em delírio, com uma febre altíssima, que era difícil de acreditar. A sua avó logo chamou o médico que não lhe trazia boas notícias, a sua pobre neta iria morrer sem explicação, a sua febre era impossível de se curar e o delírio não parava, era impossível, era inexplicável.
Mas do que será que Mayara tinha morrido, perguntas e porquês em toda a aldeia, toda a gente se interrogava sem saber o que pensar.
Talvez tivesse morrido da beleza, do sentimento tão forte que sentia naquela tarde. Mas uma coisa os avós tinham a certeza, Mayara tinha morrido feliz. Talvez aquela tarde fosse imaginação, ou talvez fosse real e tivesse acontecido, pois isso ninguém tinha a certeza, nem ninguém poderia dizer que sim nem que não. Era incógnito e assim ficou.
"Uma palavra perdida, uma sentimento profundo, um olhar eterno, um sorriso marcante ! " ♥
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